quarta-feira, 9 de abril de 2014

50 ANOS DE GOLPE CIVIL MILITAR


            Em 1º de abril de 1964 abriu-se uma ferida histórica em nosso país. Ferida esta proferida por um golpe. Neste ano de 2014 completamos 50 anos do golpe civil militar brasileiro.  Este, que se fez por medo de uma ditadura comunista, prerrogativa ilusória usada como desculpa pra instauração de uma ditadura militar. E foi que se seguiu.
            O ano era 1964, o presidente era João Goulart, o Brasil sofria uma crise absurda e Jango, como era popularmente conhecido o presidente, começava a expor seus planos para tentar combater o quadro negativo que o país vivia, dentre elas a reforma agrária. Na época muitas jovens, pensadores, acadêmicos e intelectuais tinham em Cuba, na União Soviética, um exemplo a ser seguido: o comunismo. Seguindo ideias de igualdade, de respeito e de valorização dos mais pobres. Porém a elite brasileira, altamente conservadora e influenciada pelos Estados Unidos, pregava o comunismo como um inferno e os comunistas como o diabo, e para eles todas as pessoas que era contra as ideias conservadoras eram subversivos.
            Então as reformas propostas por João Goulart, como não condiziam com as propostas dos grandes empresários e militares brasileiros, fizeram com que logo o taxassem de comunista e que com essas reformas queria implantar o comunismo no Brasil. Com toda a caricatura demoníaca criada em torno da ideologia comunista, apoiada pela Igreja Católica, empresários, mídia e militares, e com o apoio dos Estados Unidos, do então presidente Kennedy, criou-se essa fantasia em torno de Jango e então os militares brasileiros apoiados por todos esses deram um golpe de Estado com a desculpa de livrar o Brasil do comunismo, está que seria uma ideologia sangrenta e que eles estavam ali para proteger o cidadão brasileiro, proteger os seus direitos.
            Essa foi a desculpa, mas o que se viu foi algo totalmente inverso. O primeiro presidente militar, Marechal Castelo Branco fez logo os famosos Atos Institucionais, fechando congresso, deixando partidos na clandestinidade, e a coisa só foi piorando, o povo não tinha mais liberdade. Quem falasse mal do governo, mesmo não sabendo nem o que era comunismo era taxado como subversivo. Pessoas foram mortas, torturadas, corrompidas e muitos desapareceram. Censuras e repressão foram pregadas como nunca. Peças teatrais, programas de rádio e TV, jornais, novelas até piadas passavam por um filtro militar para ver se não existiam criticas ao governo, se fosse identificado algo fora dos padrões da ditadura, não era liberado para a sociedade.
            Grupos de resistência foram formados para o enfrentamento contra os militares. O povo, mostrando seu descontentamento, não cedeu à domesticação militar resistindo. Os estudantes ligados a movimentos, ou mesmo independentes foram a vanguarda de lutas. A repressão era enorme, você tinha que tomar cuidado em cada palavra, com quem andava, onde andava e até o que lia, anos de tortura, mortes, cadáveres ocultados, mas na época ninguém podia falar nisso, pois o governo não deixava só quem sabia disso era quem estava contra o regime.  Até os dias atuais estes são alguns dos fatos que muita gente prefere ignorar e/ou esquecerem simplesmente. Mas para nós, é algo a ser lembrado, não esquecemos e nem perdoamos, é uma cicatriz que ainda dói e deve ser relembrada como combustível de força e esperança, sede por mudanças e a vontade de viver em um país livre!
            Com o passar do tempo a coisa ficou tão escancarada, tão repressiva e absurda que a maioria já sabia o que de fato era o governo militar, o povo ganhou as ruas pedindo DIRETAS JÁ !!! O país estava um caos, pior, muito pior do que na época de Jango, pois agora o Brasil estava coberto de sangue, sangue derramado pelas mãos dos militares, os mesmo que tomaram o poder com a desculpa de salvar o Brasil do sangrento comunismo, os mesmos que juraram defender o povo brasileiro. O Brasil era um mar de sangue, era uma nação de gente desaparecida, de gente exilada, era uma nação onde era crime poder pensar, poder falar, uma nação com medo, mas o povo lutou, foi as ruas, e a pressão popular foi tanta, que os militares viram que não tinham mais como sustentar a fantasia de um governo e de país perfeito, onde na verdade era uma carnificina.
           João Figueiredo, o último presidente militar, entrega o cargo e depois de 21 anos de ditadura, de luta, de repressão e de morte o Brasil volta a ser um país “democrático” e o povo volta a ter esperança de dias melhores. Porém, o que podemos ver, até os dias atuais, é uma ditadura fantasiada de democracia. O governo mudou, porém continua a servir aos burgueses, prova disso é todo o seu empenho em oprimir toda e qualquer manifestação popular de caráter revolucionário. Há a resistência, continuamos na luta. O levante de junho mostrou o descontentamento das massas. Nós, estudantes, trabalhadores, pessoas que vivem na precariedade perante o Estado, esse que é violento, estamos na luta, nós estamos unidos pelo passe livre, pela desmercantilização da educação, pelo livre acesso as universidades, valorização do trabalhador e demais reivindicações coesas fora das manipulações partidárias.
            Temos que tomar a luta do trabalhador como a luta do estudante e a luta do estudante como a do trabalhador, afinal somos o povo, e somente unidos poderemos superar os problemas sociais. Não vamos deixar esquecer, não vamos deixar o tempo apagar as vidas daqueles que morreram lutando contra a ditadura, não podemos cair no mesmo erro, DITADURA NUNCA MAIS! Descruzemos os braços e vamos a luta.

-EDSON LUIS?

-PRESENTE!

NÃO ESQUECEMOS E NEM PERDOAMOS!!

Coletivo Filosofia Pela Base - UFC